Recentemente, num serão com amigos, regado a posições políticas distintas, surgiu ao calor da discussão a Igualdade entre Géneros originando que rapidamente surgissem duas posições distintas. Uma que defendia a necessidade da luta para se atingir a igualdade entre géneros e outra, por oposição, que defendia que “é uma luta sem causa, pois não se justifica nos dias de hoje”, uma vez que “é uma não questão, uma vez que não há desigualdades de género no trabalho”. Evidentemente que a discussão não se ficou pela (des)Igualdade no Trabalho, mas o que quero vincar e relançar para a “praça” é este, deixando as outras (des)igualdades para outro momento.

Desengane-se quem pensa que no decorrer da discussão a cisão se deu pelos géneros presentes à mesa, porque aqui a guerra dos sexos é bem mais complexa e os dois géneros fizeram-se representar nos dois lados da barricada. Facto que não deixa de ser interessante e de motivação para uma reflexão mais profunda que também deixarei para outras lides, uma vez que o objetivo deste artigo (definido por mim) é o de trazer à praça do debate dados factuais sobre os quais tem a minha opinião se alicerçado.

Evidentemente, que estes dados foram apresentados no calor da discussão, mas como este tipo de informação nem sempre chega ou deveria chegar tomei a liberdade de os expor em texto para que a minha “fação” possa ganhar adeptos e assim se provocar a mudança necessária. É que a luta pela Igualdade entre Géneros não é uma luta somente delas. Quem não conhece uma “ela” que realiza exatamente o mesmo trabalho que “ele” e que no final do mês aufere menos salário?

Ainda há poucas semanas o Fórum Económico Mundial publicou um relatório onde se concluía que a desigualdade económica entre homens e mulheres recuou para valores de 2008, prevendo-se que a desigualdade se extinga apenas daqui a 170 anos (contra os 108 anos previstos em 2015 pela mesma organização). Ou seja, nem nas previsões mais otimistas de 2015 a generalidade dos portugueses que há data da publicação deste texto estão vivos assistirão a tal acontecimento.

O referido relatório, analisou 144 países, tendo Portugal ficado em 31º. Todavia, se o ranking for analisado pelos diferentes índices, os valores são diferentes, no de participação e oportunidade fica em 46º, no de educação 63º, no de saúde e sobrevivência em 76º e no de poder político em 36º. Sendo que onde se regista maior desigualdade entre géneros é no índice de participação e oportunidade e no de poder político. No de saúde e educação as desigualdades fazem-se sentir menos, registando-se no caso do último, desigualdade para eles no respeitante ao ensino secundário e superior.

Por outro lado, os cinco países que ocupam os lugares cimeiros são precisamente a Islândia (cujas lutas das mulheres levaram inclusivamente a que fosse o primeiro país da Europa a ter uma mulher como Presidente), Finlândia, Noruega, Suécia, e o Ruanda (sim Ruanda).

Voltemos a Portugal, e veja-se que elas apesar de auferirem menos trabalham, em média, mais 90 minutos do que eles e são mais vítimas do desemprego e da precariedade.

Mais “espaço” houvesse e mais argumentos surgiriam para defender a continuidade e robustecimento da luta que não é só “delas”, mas de todos.

Filipe Moreira - Eleito da CDU na AM de Santa Maria da Feira