I

A realização deste Encontro inter-concelhio tem lugar num momento extremamente grave mas, em simultâneo, crucial para o futuro do país. Não só porque vivemos um dos períodos mais difíceis, de retrocesso e descalabro económico e social, após o 25 de Abril, mas igualmente porque, com a realização das próximas eleições legislativas, se podem abrir perspectivas de uma efectiva ruptura com as políticas e o rumo de desastre a que nos conduziram. O quadro nacional é conhecido: recessão, destruição do aparelho produtivo, mais desemprego, pobreza, exclusão social e de novo emigração em larga escala. A que se junta uma ofensiva obstinada e concertada do Governo PSD/ CDS, na linha dos anteriores, de liquidação de direitos, de cortes nos salários e pensões, agravando ainda mais as desigualdades e injustiças, mas sempre em benefício dos grandes interesses e grupos económicos. E que assume particular gravidade com a destruição de inúmeros serviços públicos, das funções sociais do Estado e da autonomia do Poder Local Democrático. Por isso mesmo é imperioso e urgente travar este caminho de declínio e empobrecimento, em que no fundo os Partidos da Troika - PS, PSD e CDS, com pequenas diferenças nos querem manter e construir uma verdadeira alternativa política, patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril. Para tal é decisivo o reforço e alargamento da luta dos trabalhadores, dos reformados e de todas as camadas e sectores atingidos por estas políticas, bem como o reforço da influência e expressão eleitoral da CDU nas eleições para a Assembleia da Republica.

II

Não obstante as diferenças demográficas, sociais, na sua própria extensão, etc., há contudo um conjunto de características semelhantes nos Concelhos de Stª Mª da Feira e de Castelo de Paiva que aqui muito sumariamente podemos elencar. Desde logo no aspecto económico / social onde ambos os Concelhos, fruto de políticas recessivas anos a fio, sofreram a sangria o definhamento da produção industrial, com o encerramento sistemático de empresas, algumas de grande dimensão, com sérios impactos sociais na vida dos trabalhadores afectados e das suas famílias e que tem no caso de Castelo de Paiva uma acuidade extrema com a progressiva desertificação do seu território. Mas que se podem apontar, de igual modo, no que respeita à desvalorização e fecho de importantes serviços públicos, na área da saúde, da educação e da administração local, dificultando ainda mais o acesso das populações aos mesmos, para mais quando é evidente, tanto na Feira como em Castelo de Paiva, a carência gritante em transportes públicos que as sirvam convenientemente. Mesmo em termos de acessibilidades, tão propagandeadas, ambos os Concelhos continuam a debater-se com diversos bloqueios e constrangimentos. Embora atravessados ou próximos dos grandes eixos viários, a verdade é que as suas estradas secundárias estão, regra geral, em péssimo estado ou sem a conclusão devida há muito das obras prometidas. No que se refere ao próprio Poder Local, ainda que actualmente os dois Municípios sejam geridos por Partidos distintos, PSD em Stª Mª da Feira, PS em Castelo de Paiva, a conclusão que se pode tirar é que acabam por convergir no essencial, secundando e identificando-se com as medidas mais gravosas do Governo Passos / Portas. Razão para a denúncia e combate que a CDU e os seus activistas têm desenvolvido em ambos os casos. Apesar das dificuldades e da diferente implantação orgânica e de só termos eleitos autárquicos em Stª Mª da Feira (3), ao longo deste mandato, manteve-se uma intensa e diversificada acção política, sobre as questões mais prementes desta região, tais como: Europarque; ruptura nos serviços de saúde; criminalidade; aumento de desemprego; desertificação, só para citar as mais recentes e pelas mais variadas formas: comunicados, requerimentos, notas de imprensa, visitas de deputados, sessões públicas, etc.

 

III

É mais que tempo pois de inverter este estado de coisas e de encontrar soluções para uma vida melhor. Tanto no país como à escala local nestes dois Concelhos. Estamos conscientes que para as concretizar em pleno isso depende em grande parte da política nacional que promova de facto o incremento da produção, valorize o trabalho e os trabalhadores, por via de uma justa distribuição dos rendimentos, com base no aumento dos salários e das pensões, que combata o desemprego e a precariedade e defenda as funções sociais do Estado e serviços públicos de qualidade. Mas, de igual modo, é preciso taxar as grandes fortunas e grupos economicos, aliviando trabalhadores e PME's, a par de uma efectiva ruptura com os constrangimentos que decorrem da alienação de soberania subjacente ao processo de integração capitalista em que estamos envolvidos, sendo necessário renegociar a dívida, preparar o país para a saída do euro e recuperar para a esfera pública os sectores fundamentais da economia.

Pela nossa parte prosseguiremos, sem cessar, a acção de esclarecimento e mobilização dos trabalhadores e das populações de Stª Mª da Feira e de Castelo de Paiva em defesa dos seus direitos e interesses mais legítimos, que tão massacrados têm sido, quer pela política neo-liberal dos sucessivos governos como por uma gestão autárquica amorfa, desfasada da realidade e sobretudo alinhada com os principais eixos dessa mesma política.

As populações e os trabalhadores conhecem a acção constante e coerente da CDU em defesa dos seus direitos. Conhecem a sua política de verdade  e de total respeito pelos compromissos assumidos. Sabem, por experiência própria, que a confiança depositada na Coligação Democrática Unitária e nos seus eleitos nunca será traída. O trabalho da CDU nas autarquias fala por si. É a melhor prova da sua capacidade na resolução dos problemas e de governar no interesse dos trabalhadores e do povo. Será essa capacidade e empenho que pode ser posta também ao serviço do País na construção de uma política e de um governo, patrióticos e de esquerda.

COM A FORÇA DO POVO SOLUÇÕES PARA UMA VIDA MELHOR!

 

Encontro da CDU – Concelhos de Stª Mª da Feira e Castelo de Paiva