Os índices de abstenção nas diversas eleições têm sido elevados, assim como os votos em branco ou nulos. Todavia se o voto nulo pode significar protesto ou incapacidade de perceber o boletim de voto, já o voto em branco pode também representar um protesto ou alheamento dos projetos a eleição, por último a abstenção, que pode também representar um protesto, representa na sua essência alheamento da realidade política.

Compreendendo algum do descontentamento que muitos de nós sentimos relativamente às políticas que têm sido desenvolvidas na região e no país e o desacreditar face às promessas não cumpridas, não posso deixar de apelar a que todos se mobilizem no próximo dia 1 de outubro para a realização de um direito que tanto custou a alcançar – o direito ao voto para todos, independentemente do credo, sexo ou origem.

Até porque se fizermos um breve exercício de tentar perceber o que se alcançou com os elevados níveis de abstenção ou de votos em branco, verificamos que nada foi conseguido. No caso concreto do nosso município, tem-se perpetuado o poder “laranja” com sucessivas maiorias, prevalecendo a permanência de muitos problemas durante décadas. Assim é imperioso dar “força ao voto”, votando de forma informada e consciente.

Os projetos para o município estão “na rua”, “nas caixas do correio”, na era digital estão também na internet e facilmente se pode questionar ou até confrontar os agentes políticos sobres as suas perspetivas e ideias.

Não nos podemos deixar levar pelas obras de circunstância, pelas promessas de campanha (mesmo as de um executivo que não sabe se estará na Câmara no próximo mandato) ou pelos brindes muito bonitos e dispendiosos (principalmente quando vêm vazios de ideias ou compromissos) que muitas vezes nos levam a elações erradas sobre a realidade.

Até em período de campanha se verifica a necessidade de amadurecimento da nossa política, da aproximação à realidade e valorização da mesma, sendo esta uma das principais causas que iremos defender ao longo do próximo mandato (independentemente do resultado obtido).

Avançando, importa refletir sobre as sucessivas sondagens que vão surgindo, essencialmente sob a forma de rumor e muitas delas, na sua essência, sem suporte científico. Do meu ponto a publicação de sondagens em pleno período de campanha eleitoral não favorece o desenvolvimento da democracia. Primeiro, porque estas não são vinculativas, têm falhado por diversas vezes, o voto pode ser volátil e podem condicionar representações da realidade.

Importa, assim, ignora-las e relembrar que se em todas as eleições todos são fundamentais e o seu voto pode ser decisivo, nas autárquicas o voto ganha ainda mais relevo dada a proximidade dos órgãos em eleição.

Ainda sobre a abstenção, neste período de campanha eleitoral tenho sido confrontado com muitos emigrantes e estudantes que dizem não poder votar por não estarem nas suas localidades. Temos de ter consciência que os cidadãos nestas circunstancias representam uma grande percentagem da abstenção registada. Pode concluir-se que, se por um lado é necessário agilizar a situação do voto através do cartão de cidadão, por outro lado falta o circular de informação relativo ao voto antecipado. Isto porque todos podem votar, desde que estejam recenseados.

Assim, avançando para a última semana de campanha pelas ruas e lugares do nosso município deixo o apelo para que deem força ao vosso voto, votando de forma informada e consciente, ignorando sondagens, brindes vazios e caros, obras de circunstância e promessas vazias. Relembrando sempre que a abstenção e os votos brancos favorecem apenas os partidos mais votados e que é importante não se desperdiçar a força que o nosso voto pode representar.

Filipe Moreira

Candidato da CDU para a Assembleia Municipal