O exoterismo provocado essencialmente pela distância que origina sonhos, mas também pelos meios de comunicação social nacionais, leva-nos por diversas vezes a valorizar património e cultura distante e a ignorar o património próximo. A isto devem-se vários fatores que carecem de extensa argumentação desajustada para este tipo de artigo de opinião. Todavia, não há dúvida de que uma Educação formal mais contextualizada com a realidade dos alunos e afastada do manual escolar permitiria aos alunos desenvolver um conhecimento mais profundo da cultura envolvente e assim aproximarem-se da tão ansiada valorização plena do património próximo. A isto acresce a vivência diária que nos retira a sensibilidade para o detalhe, facto que na minha opinião poderia também ser contrariado com uma Educação formal mais contextualizada.

Este relambório inicial serve para introduzir uma breve opinião sobre o famoso Castro de Romariz que é assumido por vários especialistas como sendo das estações arqueológicas mais significativas da região entre Douro e Vouga, tendo mesmo sido classificado como Imóvel de Interesse Público no longínquo ano de 1945.

 A sua exploração iniciou-se formalmente ainda no século XIX, tendo desde então assistido a altos e baixos, estando parte do tesouro ali descoberto no Museu Convento dos Loios em Santa Maria da Feira.

Este aglomerado habitacional e fortificação, pelos dados disponíveis e segundo alguns historiadores, terá deixado de ser habitado por volta do século I da nossa era, todavia há indícios de mescla com a cultura latina que não me atrevo a afirmar por falta de autores para citar.

Este local, cemitério de gentes, deuses, crenças e tesouros foi alvo de uma recomendação da CDU (Coligação Democrática Unitária) discutida e votada por unanimidade na Assembleia Municipal do passado dia 22 de dezembro. Assim a Assembleia Municipal recomendou à Câmara Municipal a reabilitação, exploração, dinamização e divulgação do monumento. A Câmara Municipal mostrou também o seu interesse nesta ação e espelhou-a nas Grandes Opções do Plano para 2018. Espera-se agora que venha a ser realidade a reabilitação deste espaço que nos últimos anos tem estado praticamente votado ao abandono e vazio de qualquer tipo de informação que nos remeta para a importância do mesmo.

Esta recomendação, a par da apresentada no mandato anterior para a reabilitação da Quinta do Castelo (também aprovada por unanimidade) foi no panorama do património feirense a que me deu mais prazer realizar.

Com um património histórico tão vasto, rico, envolto em inúmeras lendas, urge a sua valorização e divulgação junto de todos os feirenses. Pois somente com uma compreensão do passado nos poderemos verdadeiramente projetar para o futuro. Assim, anseia-se pela “reabilitação” do Castro de Romariz, na esperança de que seja o ponto de partida para a reabilitação do Castro de Fiães, cujo assiste a que dois terços do mesmo estejam já inacessíveis e/ou irremediavelmente perdidos devido a construções urbanas edificadas sobre o mesmo.

A exploração destes dois sítios arqueológicos não se comparará certamente à exploração da pirâmide de Quéops, mas quem sabe se não se trará à luz deuses entretanto falecidos, tradições, explicações e conhecimentos perdidos no tempo.