Tornam-se mais evidentes, a cada dia que passa, as dificuldades das micro, pequenas e médias empresas para sobreviver, em consequência da política de concentração da produção e favorecimento aos grandes grupos económicos e financeiros que sucessivos governos do PS, PSD e CDS têm posto em prática.

Tal facto decorre da asfixia das PMEs, quer por via da carga fiscal a que estão sujeitas (6º valor mais alto de IVA da União Europeia), quer por via das limitações ao consumo que decorrem do roubo nos salários e nas pensões (directa e indirectamente) a que estão sujeitos os trabalhadores e reformados, a que se somam os altíssimos preços da energia e dos transportes. Como se tal não bastasse, a dita “fiscalidade verde” prevista no OE /2015 aprofundará ainda mais a carga fiscal, por via do aumento do IMI, dos custos dos combustíveis e da perpetuação dos roubos nos rendimentos da esmagadora maioria da população, enquanto os grandes grupos económicos são novamente aliviados com a redução do IRC de 23 para 21%.

O sector corticeiro tem aqui no Concelho de Stª Mª da Feira um exemplo flagrante do resultado dessas políticas e orientações: o domínio quase absoluto e crescente de um reduzido número de grandes grupos económicos que tudo controlam, com destaque para o de Américo Amorim, à custa da destruição das pequenas e médias unidades industriais e da consequente liquidação de centenas e centenas de postos de trabalho.

É neste quadro, e depois da falência e do encerramento recente de conhecidas empresas do sector (SUBERCOR, JOAQUIM LIMA, JUVENAL entre outras) que se registam os problemas actuais para laborar regularmente de uma das maiores empresas corticeiras aqui sediadas: ÁLVARO COELHO. Com efeito, após um período conturbado dos últimos anos em que a sua administração processava o pagamento dos salários com atraso e apesar de dispor actualmente de uma boa carteira de encomendas, enfrenta crescentes dificuldades de financiamento para a respectiva produção, o que poderá pôr em risco, a breve trecho, mais de cem postos de trabalho.

Mas, infelizmente, não é o único caso. Várias outras empresas do sector corticeiro – exemplo da SOPOCORT - debatem-se com os mesmos problemas: falta de financiamento e consequentes problemas para aquisição de matéria-prima e de laboração, a par da hiper concentração e autêntico monopólio que grassa neste sector.

Tudo isto, afinal, vem mais uma vez deitar por terra as teses do Governo PSD/CDS e do próprio Presidente da Câmara feirense, tendo por base mais que óbvias manipulações estatísticas, que os níveis de desemprego estão a baixar no Concelho, quando o que vemos repetidamente, semanas a fio, são empresas corticeiras como outras a fechar ou a despedir trabalhadores, agravando, bem ao contrário, aqueles números e a já difícil situação social que aqui se vive.

A realidade mostra neste sector, como em todos os outros que, para travar o actual rumo de desastre, só será possível com uma outra política patriótica e de esquerda, como temos defendido, virada para o aumento da produção nacional e dinamização do mercado interno, com efectivo apoio às pequenas e médias empresas que representam no fundo a esmagadora do tecido económico e do volume de emprego.

Stª Mª da Feira, 12 de Novembro de 2014

 

Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira do PCP