Concelho

 

A Comissão de Freguesia do PCP de Fiães, reunida no passado dia 24, saúda a freguesia e em especial todos os fianenses por mais um aniversário da elevação a cidade. No entanto, não é possível deixar-se passar esta prestigiante data para Fiães sem mencionar alguns dos problemas que se vão perpetuando, nomeadamente o estado calamitoso das infraestruturas dos Bairros Sociais da freguesia que não mereceram citação por parte dos Senhores Presidente da Junta de Freguesia e do Presidente da Câmara Municipal na cerimónia solene.

É do nosso entender que o poder autárquico continua a ignorar deliberadamente esta situação, não respeitando os moradores e os utilizadores das infraestruturas nas imediações, nomeadamente as zonas desportivas.

Secundando a propaganda em curso do Governo PSD/ CDS da falsa retoma económica que ninguem vê e da ilusória criação de emprego no país, também aqui o Executivo Municipal desdobra-se em iniciativas e declarações para dar a ideia que estamos, nessa matéria, no “bom caminho” e no melhor dos mundos.

Porém, não deixa de ser surpreendente o depoimento recente do próprio Presidente da Câmara a um jornal diário que chega mesmo ao cúmulo de afiançar que nos dois últimos anos foram criados dois mil postos de trabalho no Concelho e que por isso a taxa de desemprego teria tido aqui, neste período, uma descida significativa.

Infelizmente a realidade é bem diferente e são os últimos números do desemprego registado no Município – 8.333 em Janeiro - que o desmentem.

Para mais, como sabemos, que em volta destes dados continua a registar-se uma evidente manipulação estatística e tudo serve para mascarar e disfarçar o desemprego real com acções de formação, estágios não remunerados e programas ocupacionais, tornando-no na pratica muito superior. Além, claro, de que a maior parte do eventual emprego criado é precário, sem vínculos nem direitos.

As obras recentes de requalificação do Cine Teatro António Lamoso, tal como sempre defendemos, contrariando inclusive os projectos iniciais para a sua demolição em favor de projectos megalómanos, correspondeu a um importante passo em defesa de um equipamento essencial para as actividades culturais do Concelho de Stª Mª da Feira.

Tendo em conta a rica e diversificada realidade do movimento associativo no Município feirense e que teve aqui, como em todo o país, um crescimento notável com o 25 de Abril, seria de esperar um efectivo apoio dos órgãos de poder local, nomeadamente do Executivo camarário, às suas múltiplas iniciativas, sobretudo de índole cultural.

A avaliar pelas últimas decisões, não tem sido, infelizmente, essa a postura da maioria PSD. Recorde-se, a propósito, o Regulamento do Programa de Apoio a Projectos Culturais do Município que, como oportunamente denunciámos, pelos seus critérios, elitista e restritivo, faz depender na prática a atribuição de subsídios às colectividades com o “alinhamento” da política cultural do Executivo.

Como é do conhecimento público, a gestão e responsabilidade da manutenção do Europarque passou recentemente para a alçada da Câmara Municipal de Stª Mª da Feira por um período largo de 50 anos, o que coloca desde logo toda uma série de graves implicações e que suscita muitas dúvidas e interrogações que deverão ser atempada e cabalmente esclarecidas.

Vale a pena e antes de mais, até para avivar todo o processo, recordar que este importante equipamento foi instalado no nosso Município em Abril de 1992, como um dos maiores polos para a realização de congressos e eventos das regiões norte e centro do país, gerido e explorado por uma Instituição privada - Associação Europarque. Sucede que entre 1993 e 1996, essa mesma Associação contraiu três financiamentos junto de instituições de crédito, cujo montante e juros ascenderam a perto de 35 milhões de euros, sempre garantidos por avales do Governo. O que no fundo, além disto ter transformado a gestão de um equipamento privado, durante todos esses anos, num encargo adicional para o erário público, ou seja para todos nós contribuintes, se ter saldado igualmente como o exemplo mais acabado de negligência e subutilização, a ponto de ser considerado um autêntico elefante branco, no Concelho e no País!

Nas últimas semanas o Concelho tem sido notícia por uma vaga de assaltos, ocorridos não só contra moradores, habitações particulares e estabelecimentos comerciais, mas igualmente contra agências bancárias e serviços públicos, criando uma crescente apreensão e justos sentimentos generalizados de insegurança junto da população.

Não se tratando de um caso inédito no país, porém, esta sucessão preocupante de crimes e ocorrências violentas tem, por certo, além de um conjunto complexo de razões, muito a ver com a degradação da situação económica e social e com a profunda crise que atinge cada vez mais portugueses, causada pela política de direita dos governos do PS, PSD e CDS, dos PEC e das troikas.

De facto, o desemprego crescente, a pobreza e a exclusão social, pela desestruturação e desespero que geram, estão profundamente ligados a este aumento de criminalidade que agora nos atinge e que é urgente pôr cobro e prevenir.