A CINCA é empresa com 600 trabalhadores divididos em 6 unidades de produção nomeadamente entre as 3 unidades de Fiães, da Mealhada, de Albergaria-a-Velha e Ílhavo. Actualmente, prepara uma nova unidade em Estarreja, que disporá de um armazém e linhas de produção, sendo até considerado como Projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN). Chamamos a atenção para o facto de estar em marcha uma operação de contratação de novos trabalhadores, com salários mais baixos, sem qualquer vínculo à empresa, e com apoios à contratação por parte do IEFP, esquecendo o passado, tentando eliminar o vínculo com a maioria dos trabalhadores existentes atualmente no grupo, ou seja, colocando no desemprego a maioria dos seus actuais trabalhadores.

Hoje, mais de 200 trabalhadores estão a ser confrontados com assédio permanente com vista ao despedimento, sendo confrontados com uns “acordos de rescisão” em que nem os valores mínimos exigidos por lei são garantidos. Em relação à unidade de Albergaria-a-velha, que neste momento emprega menos de 30 trabalhadores devido à falta de trabalho desta unidade, não se vislumbrando quaisquer esforços por parte da administração em aumentar a produção, os trabalhadores são forçados a deslocar-se para as restantes unidades sem que lhes seja sequer efectuado o pagamento das horas de deslocação.

Devido a esta redução do número de trabalhadores, os que se mantêm na empresa têm vindo a sofrer um acréscimo de trabalho para além da realização de distintas tarefas ao longo do dia. Os horários não são respeitados, sendo mesmo alterados diariamente consoante a necessidade da entidade patronal, desrespeitando por completo a vida pessoal dos trabalhadores.

 

Este brutal ataque aos direitos dos trabalhadores, este desrespeito pelo vinculo laboral, esta lei da selva em que tudo vale, onde se “dispensa” trabalhadores e se prepara a abertura de uma nova unidade a poucos quilómetros de distância com o apoio de entidades públicas, como a Câmara Municipal de Estarreja, que tudo tem feito para atrair a CINCA vendendo terrenos por valores inferiores àqueles que os adquiram, ou construindo ainda todas as infraestruturas de base para “oferecer” a estes agiotas, é bem ilustrativa da cumplicidade entre o Governo, algumas Câmaras Municipais, PSD e CDS e os grandes grupos económicos.

O PCP denuncia esta situação de despedimento em massa – sob a capa de rescisões, por meios ilegais – que confirma os alertas oportunamente feitos. Perante isto, confrontaremos na Assembleia da República o Governo com esta situação, fazendo pressão para que este processo seja interrompido e sejam salvaguardados todos os direitos dos trabalhadores.

Neste quadro, o PCP apela aos trabalhadores da CINCA para que se unam em torno das suas estruturas representativas e, de forma inequívoca e determinada, lutem contra este ataque brutal aos seus direitos, pois apenas através da união dos trabalhadores e da sua luta persistente será possível vencer e repor a legalidade e a justiça!

Aveiro, 27 de Abril de 2015