Romagem à campa do Dr. Ferreira Soares
Documento comemorativo aqui.

No passado dia 4 de Julho assinalaram-se em Nogueira da Regedoura, concelho de Stª Mª da Feira, os 67 anos sobre o assassinato pela PVDE - polícia política do regime fascista - do "Dr. Prata", médico dos pobres.

Desde sempre o PCP, partido de que Ferreira Soares foi dirigente e pelo qual deu a vida, evocou praticamente sozinho o seu exemplo e papel na luta anti-fascista, pelo que não pode deixar de se lamenta que a Junta de Freguesia (PS), num gesto discriminatório, além de só agora e a escassos meses das eleições autárquicas assinalar a data e inaugurar um busto do Dr. Ferreira Soares, tenha inviabilizado uma intervenção do PCP, naquela cerimónia publica, partido ao qual esteve ligado Ferreira Soares desde muito jovem.

 

Foi pois nessa lógica, e de uma forma ostensiva, que na referida inauguração e no respectivo discurso se tentou omitir a profunda ligação de Ferreira Soares ao PCP, apesar de ter sido exactamente esta sua opção política que determinou o seu assassinato e que militantes comunistas presentes quiseram evidenciar, digna e convictamente, empunhando em silêncio bandeiras do Partido.

Durante a romagem à campa do camarada Ferreira Soares, organizada pelo PCP da parte da tarde, antes do qual foi distribuido um folheto evocativo, a que se associaram largas dezenas de pessoas, comunistas e outros democratas e familiares do Dr. " Prata ", as várias intervenções realçaram a importância e significado da data e do legado deste destacado dirigente do Partido.

 

Romagem à campa do Dr. Ferreira Soares

Manuela Silva, em nome da Comissão Concelhia do PCP e depois de agradecer a presença de todos, em especial dos familiares, lembrou a cção de Ferreira Soares, não só como intelectual humanista e médico profundamente ligado ao seu povo mas também na luta contra a opressão e tirania fascista.

Numa intervenção bem emotiva, Jorge Soares, filho do Dr " Prata ", manifestou a sua revolta pela tentativa de certas forças de reescreverem a história e omitirem a verdadeira razão da morte do seu pai.

Margarida Tengarrinha, resistente anti-fascista, não escondeu a sua emoção e honra por participar nesta iniciativa. Na verdade, mesmo não tendo conhecido aquele camarada, como sublinhou, a ele e à sua luta estava profundamente ligada, uma vez que fora companheira do pintor José Dias Coelho, ele próprio também assassinado pela PIDE em 1961, e autor do livro " Resistência em Portugal ", tendo um capitulo dedicado ao crime hediondo que vitimou Ferreira Soares. Lendo partes desse capitulo, Margarida Tengarrinha, destacou a importância de preservar e valorizar o património de luta que o PCP teve contra o fascismo e de que o Dr. Ferreira Soares foi um dos grandes obreiros.

Finalmente o nogueirense Amaro Francisco deu nota da ligação profunda que Ferreira Soares teve com a sua terra de adopção - Nogueira da Regedoura.

 

Defensor do associativismo e profundamente preocupado com o desenvolvimento cultural do povo, Ferreira Soares, deixou o seu nome ligado para sempre à criação de uma escola para raparigas e de associações culturais e desportivas.

O médico do povo, o homem de letras, o militante comunista foi assim um homem profundamente comprometido com a transformação política, social, económica e cultural do povo, por quem deu a vida.

 

A Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira editou ainda um documento comemorativo; pode consultá-lo aqui.