Uma das intervenções realizadas de improviso no local 

 Intervenção de José Gaspar, membro do Comité Central do PCP

 Hoje lembramos o nosso querido camarada António Carlos Ferreira Soares, médico, etnólogo, crítico, contista e destacado membro do Comité Regional do Douro do Partido Comunista  Português, nasceu em Fevereiro e 1903 e foi assassinado pela Polícia Política do Regime Fascista a 4 de Julho de 1942, em sua própria casa, em Nogueira da Regedoura, com 39 anos de idade.
 
 Deste perfil multifacetado surgiu o popular “Dr. Prata”, como era conhecido e estimado, “o médico dos pobres”: muitos e muitos pacientes examinava e prescrevia sem se fazer remunerar, para além de oferecer ou custear os medicamentos.
 
 O “Avante” nº 14 da 1ª quinzena de Agosto de 1942, denuncia assim este vil atentado:
 


 “O conhecido médico de Espinho, Dr. António Ferreira Soares, filho do juiz Dr. Soares, militante do PCP não escondia o seu ódio pela política traidora do governo de Salazar Tanto bastou para que estes, servindo-se de uma mulher, lhe armassem uma cilada no seu consultório, na residência familiar deste nosso camarada. Seis polícias entraram em seguida à falsa doente e alvejaram a tiros de pistola metralhadora a António Ferreira Soares. Depois levaram-no ferido e inanimado para o automóvel, e como se mexesse esfacelaram-lhe as pernas de novas rajadas.
 
 Na casa de saúde de Espinho, onde chegou já morto, foram encontradas no corpo 14 balas! Defronte à casa de saúde juntaram-se centenas de pessoas protestando contra mais este crime do salazarismo.
 
 Apesar das ameaças da polícia o funeral deste nosso militante fez juntar alguns milhares de pessoas que assim silenciosamente manifestaram a sua repulsa pelos malsins do fascismo e mais este assassinato legal do governo de Salazar.”
 
 68 anos depois, a Comissão Concelhia de Santa Maria da Feira, recorda e homenageia este homem notável, um verdadeiro símbolo de humanismo, de militância e de luta contra o fascismo.
 
 Numa carta dirigida a Câmara Reys, em Setembro de 1936, Ferreira Soares aponta o rumo da sua vida: “Rumei à esquerda…para mais perto do possível convívio e organização das massas populares”.
 
 Esta é uma mensagem exemplar, um legado político importantíssimo, um apontar de rumo, o rumo à esquerda, que é também, hoje, neste 4 de Julho de 2010, a fórmula mágica para romper com as políticas de direita, da responsabilidade do PS, do PSD e do CDS, que têm conduzido o país ao declínio económico, ao aumento da exploração, à redução dos direitos, ao avolumar de injustiças e desigualdades. Só rumando à esquerda é possível construir uma alternativa patriótica para o nosso país ao serviço do povo e dos interesses nacionais. Este rumo, tal como no passado, só se constrói com a luta e com UM PCP MAIS FORTE!