No âmbito das várias e diversificadas audições realizadas pelo PCP por todo o país com o objetivo da elaboração do seu programa eleitoral, realizou-se no passado sábado (23 de maio), no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Santa Maria da Feira, uma audição no âmbito da elaboração do seu programa eleitoral, sob o lema “Direitos não se adiam…que seja agora! Novas gerações, que futuro!”.

A mesa foi composta Renata Costa (responsável da JCP no distrito de Aveiro), Tiago Vieira (membro do CC do Partido e responsável do distrito), Miguel Viegas (deputado do PCP no Parlamento Europeu), Rita Rato (deputada do PCP na AR) e Paulo Raimundo (membro da Comissão Política do PCP, responsável pelo trabalho do Partido junto da juventude) tendo a moderação ficado à responsabilidade de Filipe Moreira (membro da DORAV do PCP e eleito da CDU na Assembleia Municipal de Stª Mª da Feira).

A intervenção inicial coube a Rita Rato que efetuou uma análise do estado da juventude em Portugal, fazendo uma reflexão histórica dos acontecimentos que nos levaram à presente situação. Destacou ainda algumas propostas do PCP nesta área, das quais se destaca a gratuitidade dos manuais escolares para todos os alunos, a troca das atuais bolsas de investigação por contratos de trabalho com direitos, o fortalecimento dos direitos de maternidade e paternidade e o por fim aos falsos recibos verdes. Terminou destacando que os problemas da juventude são os problemas do país e que há a necessidade urgente de se combater a emigração e de se criar emprego com direitos.

 

Seguiu-se Miguel Viegas que apresentou a integração europeia como militarista, federalista e liberal, facto presente em todos os tratados europeus e que se reflete por exemplo no ataque aos Serviços Públicos e no elevado desemprego jovem, no incentivo ao empréstimo e na falácia do empreendedorismo. Relativamente às políticas para a Juventude, referiu que estas não têm peso no quadro europeu e que a hipocrisia estrutural da União Europeia impede um acordo em questões fundamentais para esta faixa da população.

Renata Costa, na sua intervenção, destacou o ajuste de contas que os partidos de direita tentam fazer com Abril, nomeadamente na área da Educação. Referiu o brutal aumento dos custos das famílias com a educação que ronda os 75% e a obsessão com os exames levada ao estremo pelo atual Governo que com a Municipalização da Educação mais não quer do que dar o primeiro passo para a privatização, tornando, assim, o acesso de todos os cidadãos a este direito consagrado na Constituição da República ainda mais difícil. Salientou a necessidade de se criar uma educação que garanta uma formação completa dos jovens, que garanta, entre outros, o acesso ao desporto e cultura e que a única via para esse fim é o Ensino Público, gratuito e de qualidade.

Tiago Vieira iniciou a sua intervenção com uma análise sociogeográfica do distrito de Aveiro, onde apesar das privilegiadas características tem a quinta maior taxa de desemprego do país. Mencionou o facto de por todo o distrito se verificar um ataque aos serviços públicos, apresentando o exemplo da Casa Alberto Souto, onde apesar da necessidade deste serviço o Governo decidiu encerrar. Outro problema amplamente sentido em todo o distrito diz respeito aos transportes públicos que têm sofrido um ataque, especialmente no concelho de Aveiro, onde foram privatizadas as “carreiras” lucrativas para posteriormente se privatizar as que não davam lucro pagando-se uma renda ao privado por isso. Terminou apelando à necessidade de rutura com estas políticas e a necessidade e eleger deputados da CDU por Aveiro nas próximas eleições.

Para além dos membros da mesa participaram dezenas de camaradas e amigos, que contribuíram com opiniões, perguntas, reflexões e novos dados da realidade local dos trabalhadores que contribuíram para o enriquecimento da audição. Ao longo das diferentes intervenções ficou evidente a necessidade de uma ruptura com a política de direita, através da construção de uma alternativa que interrompa a precarização da vida dos mais novos no nosso país. O combate ao desemprego e à precariedade, o investimento numa escola verdadeiramente pública e para todos, o apoio à natalidade (desde logo combatendo a brutal exploração que se abate sobre os trabalhadores), foram alguns dos vectores considerados essenciais pelos que deram o seu contributo para a discussão.

Para terminar, tomou da palavra Paulo Raimundo que apresentou as principais conclusões desta audição e salientou a importância das mesmas para a construção do programa eleitoral do PCP que se apresenta como uma alternativa às atuais políticas seguidas pelos sucessivos governos do PSD/CDS/PS.