O concelho de Santa Maria da Feira tem espalhado pelo seu território um património de excelência que é muitas vezes subvalorizado, tanto pelo poder político como pelos próprios feirenses. Exemplo categórico do que acabo de afirmar são as Grutas artificiais da Quinta do Castelo. Estas grutas, são uma construção oferecida ao município pela Companhia Hortícola do Porto em 1916, foram em tempos um ex-líbris do município, fazendo lembrar a muitos as obras de Gaudi. Têm em si o charme de outros tempos que espelha o requinte e pormenor valorizado no início do século XX, sendo que, em tempos estavam associadas a uma verdejante vegetação capaz de fazer sonhar.

Porém, este espaço tem tanto de beleza como de desassossego. Se por um lado é dos mais belos locais do município é por outro dos mais esquecidos. São muitos os feirenses que sabem da sua existência, mas poucos os que realmente as visitaram.

Isto, dá-se, talvez pelo facto deste espaço ter estado praticamente vedado ao uso público durante vários anos. Porém, há cerca de 4 anos, passou da responsabilidade da Segurança Social para a responsabilidade da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, tendo-se para esse fim celebrado um contrato de comodato por 50 anos. A meu ver muito bem, pois um património como este deve estar sob gestão municipal de forma a poder servir da melhor forma possível os munícipes.

No entanto, nem tudo são rosas e como é já apanágio nestas situações, a comunicação social fez manchete com membros do executivo camarário e da Feira Viva a afirmarem publicamente que o espaço iria sofrer intervenções e que seria aberto ao público. Se todos os anos sentimos, por alturas do “Perlim”, que vão fazer a tal prometida intervenção, com o passar dos anos até as rosas murcharam e se é verdade que está aberto ao público, também é verdade que o espaço permanece com o mesmo grau de desleixo e abandono do passado.

Quem visita o local rapidamente se apercebe da ausência de manutenção e mesmo de limpeza do local. Aparecem um pouco por todo o lado sinais de vandalismo, dejetos humanos, sinais de presença de consumos ilícitos e é notória, também, a ausência de indicações, sinalização e contextualização do local para quem o pretende visitar.

Estas grutas foram já alvo de questionamento, por mim, numa Assembleia Municipal, que não surtiu efeito prático. Neste sentido iremos propor a votação uma recomendação à Câmara Municipal, na próxima Assembleia Municipal, com vista à limpeza, reabilitação e sinalização do referido espaço, para que todos dele possam usufruir em todo o seu esplendor.

Filipe Moreira

Eleito da CDU na Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira