As corporações de bombeiros são essenciais na vida de qualquer comunidade (independentemente da sua dimensão). Estas instituições de que ninguém coloca em causa o prestígio são, na sua maioria, compostas por mulheres e homens voluntários que dão do seu tempo, do seu esforço e muitas vezes a sua própria vida em prol dos outros e da sociedade em geral. Todavia, com exceção de cerimónias solenes, há por vezes a tendência de nos lembrarmos das e dos bombeiros somente quando precisamos, seja em incêndios, socorro, transporte de doentes, etc.

Se por diversas vezes as corporações não têm tido o apoio que realmente deveriam ter por parte do Estado Português, a verdade é que os incentivos à mulheres e homens que as integram de forma voluntária também não são os mais atrativos. Bem sei que quem integra tão prestigiada instituição não o faz por incentivos, mas sim pela vontade de servir. No entanto, estas mulheres e homens têm vida para além do voluntariado, como qualquer outro cidadão, e sofreram e sofrem com a atual conjuntura da sociedade global – realidade bem conhecida da maioria das pessoas.

Esta conjuntura, juntamente com diversas alterações que estão a ocorrer, como a “individualização da sociedade” e outras que dariam muito texto, tem levado à não aproximação de jovens de algumas corporações por todo o país.

Aliado ao exposto, não podemos interpretar o bombeiro como um outro qualquer voluntário. Este, pela especificidade da sua atividade, tem de ter um estatuto especial. É verdade (como referido anteriormente) que existem alguns apoios, mas que no meu entender são manifestamente insuficientes para que estas mulheres e homens possam desempenhar as suas funções de forma mais liberta da opressão da vida quotidiana.

Para isso não chegam os votos de louvor (sempre merecidos pelo excelente desempenho que têm tido todas as nossas corporações ao longo dos anos), não chega somente o reconhecimento e as “palmadinhas nas costas”. Se se pode ir mais longe no apoio deve-se ir.

A quem não partilha desta opinião, convido-o a fazer o exercício de imaginar como seria a nossa sociedade sem bombeiros.

Avançando! Os que de perto têm seguido a atividade da Assembleia Municipal saberão que por duas vezes a CDU levou a votação uma proposta para que o município criasse mais incentivos para os bombeiros. Incentivos, que dado o número de bombeiros existentes no município seria irrisório para o orçamento da Câmara Municipal.

Por duas vezes não passou, tendo sido interpretada pelo PSD como não sendo legal esta descriminação positiva. Todavia, como sabemos, quando se trata de isenções de impostos municipais a empresas estrangeiras a conversa é outra.

Todavia, com os mais recentes desenvolvimentos noutros municípios, dos quais se destaca Sabrosa, onde ser bombeiro vai valer, por exemplo, desconto de 50% do IMI, reduções de 50% nas taxas e licenças municipais de construção, reparação e ampliação de habitações e um apoio de 10 euros por dia na época de incêndios para os que nela participarem, fica dado o mote para esta temática ser novamente assunto na Assembleia Municipal.

Assim, face ao exposto, a CDU irá enviar nos próximos dias um documento com várias propostas a todos os partidos com assento na Assembleia Municipal de forma a que seja possível chegar a consenso na atribuição de incentivos a estas mulheres e homens que tão bem servem o nosso município. O documento será também enviado a todas as corporações de bombeiros no município para que as suas contribuições sejam tidas em considerando.

Com esta iniciativa, pretendemos que o referido documento seja discutido e aprovado na próxima Assembleia Municipal e que a contar com a participação de todos possa eventualmente ser apresentado como proposta deste órgão e não somente da CDU.

 

Filipe Moreira

Eleito da CDU na Assembleia Municipal de Stª Mª da Feira

 

*Fotografia de António Cascalheira (retirado de PixaBay)