O 25 de Abril foi, no dizer dos saudosistas do passado, o fim da Primavera Marcelista, a queda do Império Colonial e tudo quanto ele representa.

Para outros não passou de um golpe de estado que pôs fim a um regime de cariz fascista e totalitário. Mas, para a grande maioria do povo português, foi o rebentar das cadeias que o atavam com mordaças de silêncio e de censura. Foi o fim da negra noite fascista, que deu lugar à madrugada da libertação, simbolicamente chamada pelo povo como a – Revolução dos Cravos.

Com o 25 de Abril, a panela de pressão que era o Estado Novo, com as suas políticas repressivas, explodiu, dando origem à torrente de Liberdade, direitos de cidadania e à partida para novos rumos democráticos.

Por iniciativa dos capitães de Abril constitui-se uma Junta de Salvação Nacional e um Governo Provisório com a missão de promover Eleições livres e criar uma Constituição Democrática.

Tudo se desenvolveu quase sem perdas de vidas e na mais ordeira pacificação. Porém, assim como as virtudes florescem, também os vícios e trapaças se levantam para travar ou contaminar o espírito revolucionário.

Algumas das conquistas emergentes da Revolução já se esvaziaram no mar da voracidade dos “ tubarões “ do capital e, as que nos restam são frequentemente ameaçadas e soçobrarão se não soubermos cuidar delas.

É que o grande, o todo poderoso Sr. Capital, não pretende outra coisa que não seja concentrar nas suas mãos os meios que lhe garantam a manutenção do poder, seja ele financeiro, económico, social ou político e particularmente este. Com ele todas as suas pretensões serão realizadas.

Nós sabemos de que mal ele enferma. Até já lhe fizemos o diagnóstico e a radiografia. Só que este sujeito é um doente matreiro e com uma capacidade incrível em se metamorfosear.

Sim, é um sujeito capaz de tudo, sempre pronto a urdir e a impor as regras que mais lhe convierem. E, aquela que mais frequentemente recorre é a de: dividir para reinar.

Para ele tudo o que é humano se reduz à quantidade e ao lucro. Já disso nos deu conta em seus escritos Karl Marx ao afirmar que “ a desvalorização do humano aumenta na razão do aumento das coisas “.

Terá sido por mero acaso que chegámos a este estado de coisas?

Crescem as desigualdades sociais, aumenta desabridamente o desemprego, os salários e as pensões são baixos e estagnaram, razão pela qual está tanta gente a passar mal e a recorrer à caridade. A fraude e a corrupção alastram como erva daninha e a justiça, coitada!, está cada vez mais cega, surda e muda. Há mesmo quem lhe vaticine uma lenta e dolorosa agonia.

Ouvi, há dias, através da comunicação social que a Comissão Europeia, para evitar os crimes de “ colarinho branco “, pretende limitar os prémios e demais regalias aos gestores financeiros e que ia, também, abolir o sigilo bancário. Pudera! Depois de tão grande descalabro outra coisa não seria de esperar. È que foram mais de 200 mil milhões de euros que voaram!

Razão tem um reputado Professor Universitário quando, a propósito dos casos BPP e BPN refere: “ São milhões despejados em cima da crise nos bolsos dos mesmos e sem proveito algum”.

Porque Maio é mês do trabalhador, mês de festa mas também de luta, permitam-me que vos fale do seguinte: veio, uma vez mais, à tona – em recente comunicação à imprensa – a hipocrisia e o desaforo com que o patronato trata os trabalhadores ao afirmar que tinha de haver contenção nos aumentos de salários, porque os tempos são de crise. Só que, para quem sofre com a crise, é muito mau o exemplo dado pelo Estado e pelo  “Sr.“ Capitalismo. Não haverá dinheiro para aumentos aos trabalhadores, mas para ele, nem que seja para tapar buracos como os do BPP e BPN, o dinheiro aparece.

Deixo-lhe uma advertência: nada é eterno neste mundo e, como diz a sabedoria popular: a injustiça é como uma bolha de sabão – enche, enche, enche, que de tanto encher… rebenta!

Já agora, e em termos conclusivos, digam-me: depois de tudo quanto referi ainda acham que não há razões e fortes motivos para recordar e celebrar o 25 de Abril e o 1º de Maio?

Cá para mim, serão sempre dias de festa, reflexão, manifestação e luta!

VIVA O 25 DE ABRIL, O 1º DE MAIO E OS TRABALHADORES!