Lúcia GomesEm 2001, integrei pela primeira vez uma candidatura aos órgãos autárquicos, à Assembleia de Freguesia de Santa Maria da Feira, encabeçando-a pela CDU. À data, a campanha correu com seriedade – todos os partidos apresentaram propostas viáveis, exequíveis, credíveis – tudo se processou com democracia, respeito a que acresceram debates públicos abertos a toda a população.

Contrariamente aconteceu no ano de 2009 onde as populações, já depois de duas eleições, foram confrontadas com uma campanha que, a meu ver, empobreceu, e de que maneira, a democracia, o poder local, e deu uma facada de morte à credibilidade de alguns dos políticos da nossa praça.

Desde logo pela bipolarização evidente – ou se vota Alfredo, ou se vota Alcides. E não é verdade! Elegem-se vereadores, não um presidente. O cenário poderia bem ser: 5 vereadores para o PSD, 5 para o PS e 1 para a CDU. E que tal esta hipótese? Não teriam que se ouvir as várias forças? Não seriam necessários compromissos e partilha de responsabilidades? Não deixaria o PSD de “governar” sozinho, com o silêncio adormecido, e cúmplice, do PS?

 

Para culminar, com aquele que foi o maior desrespeito pela população feirense, o Sr. Alcides Branco, tão elevado e glorificado pelo PS, encheu a campanha de inverdades, de promessas impossíveis (legalmente falando), usou de todos os meios sem olhar a fins: prometeu auto-estradas (que não são competência das Câmaras), prometeu livros escolares gratuitos para todos até ao 9º ano (quando o PS votou contra o projecto do PCP de gratuitidade dos manuais escolares até ao 12º ano, financiados pelo Orçamento do Estado e quando sabe que é o seu Governo PS que não transfere o dinheiro para que as autarquias forneçam os manuais?), ligou para casa das pessoas (!!!) perguntando a idade e prometendo melhores pensões e a descida da idade da reforma (foi o PS, com a conivência do PSD, que aumentou a idade da reforma com o factor de sustentabilidade – as pessoas vão ter que trabalhar até mais tarde para não perderem reforma e foi o PS que aprovou sozinho uma lei que em 2010 determina que nenhuma pensão é aumentada!), distribuiu ilicitamente géneros alimentícios (azeite) e gratuitamente um jornal que se diz “semanário republicano, independente e regionalista” como panfleto de campanha! Depois da derrota sofrida, estamos até hoje – depois de o ter ouvido dizer, num debate entre quatro paredes de rádio, que ia assumir a vereação – sem saber se nem esta promessa, a única possível de cumprir, será cumprida.

O PSD, além de continuar a usar o acervo fotográfico camarário como se do PSD fosse (basta passar os olhos pelo Atlas Feirense), de lançar primeiras pedras em dias de reflexão e ao que parece de recorrer aos telefonemas, ficou-se pelo que já conhecemos: a enfatização de um só candidato como o tal de Jesus que afinal não está só no Benfica mas também no PSD, com distribuição de canetas-lanterna às crianças das escolas e com as mesmas promessas de sempre. que sendo da sua competência (pelo menos isto!), há 26 anos que estão por cumprir.

 

A CDU limitou-se a comprometer-se com o seu trabalho. E mesmo apesar da sede e da casa do cabeça-de-lista vandalizadas, estes factos vêm comprovar o contributo pesado que PS e PSD dão diariamente à descrença dos cidadãos nos políticos – aqueles que prometem e que não cumprem e os que de antemão prometem aquilo que já sabem que não vão cumprir. E desta vez, o PS foi o campeão no descrédito das campanhas eleitorais.

Repito, em 2001 integrei uma lista pela primeira vez. Mas nunca tinha assistido a uma campanha tão pobre e ofensiva como esta. Também reforcei a minha convicção de que vale a pena resistir, não ser igual aos outros, os das ofertas, os das promessas e continuar a cumprir sempre com o maior compromisso de todos: a defesa das populações, dos seus direitos, da sua qualidade de vida.