Luis Quintino membro da DORAVNão faz muito tempo, um dos nossos (salvo seja) primeiros confessava a sua verdadeira paixão pela educação. Seria a chave para a resolução de todos os nossos problemas. Seria, digo eu, pois agora deixou de ser a avaliar pelas inopinadas medidas, anunciadas recentemente pela governação PS: o próximo encerramento de centenas de escolas com menos de 21 alunos em todo o país!

Ao contrário do que o Ministério da Educação tenta “vender”, o presente plano, feito a régua e esquadro, tal como em tantas outras áreas, destina-se única e exclusivamente a cortar despesas, a atacar os serviços públicos, a concentrar o ensino em grandes agrupamentos e centros escolares, com todos os efeitos desastrosos que se conhecem, não só em termos pedagógicos (aumento desmesurado das turmas e menor acompanhamento dos alunos, junção de diversos níveis de ensino nos mesmos edifícios e dos problemas disciplinares e de gestão a ele associados), como estruturais (sobrecarga de encargos para as autarquias com transportes, etc.). Não há margem para dúvidas. Tal fecho de escolas e concentração progressiva de meios, levará ainda a mais desemprego entre os professores e auxiliares de acção educativa, bem como à contínua desertificação do interior do território, agravando as assimetrias regionais.

As consequências nefastas da obsessão economicista deste e doutros governos, no campo da educação, são bem visíveis no concelho de Stª Mª da Feira. A ausência de um efectivo e sustentado planeamento é por demais evidente. Não obstante a carta educativa, já com alguns anos, que previa a construção de uma nova escola secundária em Paços de Brandão (!), a verdade é que, nunca por nunca ser, se chegou a concretizá-la nem ali nem noutra freguesia, lacuna extremamente grave e que só beneficia por cá o ensino privado. Mais. A própria panaceia em redor dos novos centros escolares (20), modernos e bem equipados, com que nos procuraram adormecer nas últimas autárquicas, está a transformar-se em mais uma promessa não cumprida do Executivo PSD – só dois estão a funcionar e mesmo esses com alguns problemas - e, pelo impasse em que se encontra a maioria dos restantes, adiada dramaticamente para as calendas… prolongando assim, sem fim à vista, a função dos conhecidos contentores, que no parecer de um responsável concelhio do PS, reafirmado em plena Assembleia Municipal, teriam as melhores condições para ensinar(?!).

A prova provada da falta de planeamento e de uma visão estratégica para o concelho, em termos educativos, é o que se está passar com o investimento em curso na Escola Secundária da Feira. Um deputado do PS, em recente visita, dizia-se “ abismado “ com as citadas obras. Eu também, ao conhecer agora os montantes em causa (15 milhões de euros e o valor aparentemente excessivo de alguns dos seus equipamentos) quando, ali mesmo ao lado, a Escola Fernando Pessoa permanece superlotada, sem a mínima atenção do poder central e local e ainda com as tais coberturas em amianto!

Portanto e em resumo, também aqui, não são as pessoas, os alunos e a qualidade do ensino que contam para este governo mas tão somente os números.


Stª Mª da Feira, 11 de Junho de 2010

Luís Quintino, membro da DORAV do PCP