Luis QuintinoOs deuses devem estar loucos! Então não o que nos ocorre clamar quando vemos nas tevês e nos jornais que “até os Bancos andam stressados “ com tanta falta de liquidez, apertos e não sei que mais, segundo os “ especialistas “?!

Até inventaram uma dúbia classificação das instituições bancárias, por certo com o propósito de lhes devolver alguma credibilidade junto da opinião pública, depois de tantos escândalos e roubalheira. 

Pois é! Nos tempos que correm e neste mundo dito globalizado, mas cada vez mais injusto e desequilibrado, propagam-se ideias e conceitos totalmente absurdos, com a maior facilidade e desfaçatez. Consequência directa dessa autêntica máquina trituradora – o poder mediático subjugado ao poder económico e político - que tudo nos procura impingir e a todos formatar.

Primeiro, para amenizar a “ coisa “ e alijar responsabilidades pelo buraco em que nos meteram, espalharam aos sete ventos que isto dos sacrifícios tinha que tocar a todos – banqueiros e capitalistas incluídos.

Só que a realidade, meus caros, é bem diversa e os números não enganam, tal como o algodão…

Por cá, como não podia deixar de ser com estas políticas “tão modernas e inovadoras“, aumenta o número de milionários. Pudera com o empurrão que este governo lhes dá… Em contrapartida, a pobreza atinge já quase 20 % dos portugueses. E a previsão é para se agravar ainda mais, como se constata também aqui no Concelho.

Se nos cingirmos à questão dos bancos o contraste é ainda maior e mais escandaloso! Ainda recentemente foram publicitados os lucros de três bancos privados: BPI, BES e BCP (entre os 11 e os 15 %). Qual stress qual carapuça! Num momento de profunda crise económica e social, em que desempregados, famílias e pequenas e médias empresas vivem com tantas dificuldades, sem apoios nem acesso ao crédito bancário, os referidos lucros constituem uma vergonha nacional e um insulto a todos nós.

É mesmo caso para questionar: afinal se a solidez dos bancos é tão forte quanto a pintaram e os seus lucros, pelos vistos, não param de crescer, porque não apoiam convenientemente quem mais precisa e a própria dinamização da nossa economia?

Lamentavelmente e ao contrário, continuam é a dispor de todos os apoios públicos e a pagar taxas de IRC irrisórias (abaixo dos 15%), em comparação com as restantes actividades económicas que, tal como é de lei, são tributadas a 25%.

Em conclusão: não é só contra todas estas injustiças e desigualdades que temos que continuar a lutar, mas igualmente contra a campanha em curso de deturpações e falsidades para mais facilmente as impor e perpetuar.


Stª Mª da Feira, 31 de Julho de 2010


Luís Quintino, membro da DORAV do PCP.