Numa altura em que os partidos que há 35 anos se alternam no poder, PS, PSD e CDS-PP, tentam fazer crer que nada há, hoje, a fazer senão aceitar a degradação da vida dos trabalhadores e do povo para salvaguardar a primazia da banca e do grande capital, a CDU, em Santa Maria da Feira, mostrou, mais uma vez, que o futuro está nas mãos do povo, o mesmo povo que em Abril inaugurou um projecto de justiça, igualdade e democracia, assente na esperança de que somos capazes de construir um país melhor, de que é possível outro rumo, outra política: de que é possível transformar o sonho em vida.

 No passado Sábado, 14 de Maio, no Centro de Trabalho do PCP, demos asas à criatividade numa iniciativa que, mais do que testemunhar que a luta é, de facto, alegria, assinalou a vontade de mudança partilhada por muitos jovens feirenses, artistas, estudantes, trabalhadores, que deram vida ao debate “Juventude, precariedade, periferias, e o roubo da UE/FMI”. As intervenções de Lúcia Gomes e Cristina Cardoso, candidatas à Assembleia da República pela CDU, estimularam uma conversa pontuada pela riqueza e diversidade dos contributos: da importância da luta sindical na construção de uma sociedade mais justa, vitória a vitória, ao papel da música e da irreverência de quem não se conforma com o arco do poder do come-e-cala, pulsou no debate a confiança num outro projecto, patriótico e de esquerda, o único capaz de resistir e desmontar a afronta à soberania nacional que PS, PSD e CDS aplaudem, com a intervenção da UE/FMI. Ilustrativo dessa forma de reflexão crítica que é, já e sempre, uma forma de luta, a participação, a convite da CDU, do Tony, baterista dos Dr1ve, afirma a solidariedade indispensável entre a arte e a vida: levar a luta até ao voto, dar mais força à CDU, é construir a mudança necessária. Porque não podemos aceitar que os mesmos de sempre continuem a usar as nossas vidas como moeda de troca para manter o status quo, porque não podemos aceitar que continuem a hipotecar o nosso futuro em nome de um modelo baseado na exploração do homem pelo homem, porque é urgente retomar as aspirações de Abril: votar é dizer Basta! ao conformismo e à resignação. Sim, é possível, um país diferente. Pelo emprego, pela educação pública universal, gratuita e de qualidade, pelo sistema nacional de saúde, pelo aumento da produção, pela distribuição justa da riqueza produzida, pela cultura, agora: CDU!

 

À noite, depois do jantar-convívio, a palavra foi da música. Coerente com o princípio de uma democracratização da arte e da cultura, só possível através da concessão de visibilidade aos projectos que emergem, um pouco por todo o lado, da vontade criadora das massas, a CDU convidou as bandas Fina Flor do Entulho (Porto) e Art7< (lê-se arte sete menor, de São João da Madeira) para se juntarem a nós numa noite de festa e acordes insubmissos. Num registo entre o punk rock e o heavy metal, as performances dos grupos declaram, cada um no seu registo específico, que criar é resistir, inaugurar percursos dissonantes, explorar rupturas, teimosamente confiantes na transformação da sociedade, insistir que outro rumo é possível, que a alternativa existe e tem um projecto: basta querer.

A CDU agradece a todos os que estiveram connosco, reafirmando que serão sempre muito bem-vindos. O nosso Espaço está de portas abertas aos projectos que aqui se queiram dar a conhecer – hoje, como sempre, é com alegria que recebemos quem quer construir a alternativa: e com Zeca dizemos, novamente, “Quando a corja topa da janela o que faz falta... O que faz falta é acordar a malta, o que faz falta é agitar a malta, o que faz falta é libertar a malta, o que faz falta é dar poder á malta, o que faz falta!”

 

Pedro Almeida