Filipe T. Moreira

Terão as coisas que ser assim? Nas últimas semanas tenho ouvido diariamente uns “Tem que ser!” que me têm deixado desassossegado. Esta expressão tem vindo a ser proferida quer por muitos dos “opinion makers” quer por cidadãos interpolados pelos jornalistas na rua quando surge um nova taxa, um novo aumento de impostos, um novo corte salarial, uma nova medida daqueles senhores que vieram lá do estrangeiro pôr as contas em dia ou até mesmo daquele governo que afirma ser necessário ir ainda mais além.

Da maioria dos fazedores de opinião não me espanta visto a ligação destes ser clara, já dos cidadãos comuns fico preocupado e até mesmo com algum receio pelo futuro da democracia.

O “Tem que ser!” é a expressão máxima da resignação a um estado verdadeiramente livre e democrático, mas os cerca de dois mil caracteres que me são aconselhados para este tipo de artigos não são suficientes para aclarar e desenvolver este raciocínio que não sendo recente tem sido afugentado de uma forma mais ou menos generalista da comunicação social com principal ênfase na privada.

O roubo no 13º mês tem que ser?

Ora peço ao caro leitor que faça atenção dos números que lhe irei apresentar.

Esta é uma das muitas medidas que em nada vai resolver o problema de Portugal. Com esta medida o Estado vai arrecadar cerca de 800 milhões de euros por ano, contudo vai retirar ainda mais poder de compra aos portugueses que se vêem já “à rasca” com o aumento dos impostos assim como os aumentos mal explicados dos bens de necessidade, ou seja, a economia interna vai-se ressentir logo surgirá mais desemprego.

Para provar ao caro leitor que nada tem que ser como nos fazem crer e que há sempre uma alternativa e uma outra solução.

Bastaria taxar os movimentos da bolsa em apenas 1%, repare bem que seria apenas 1% (este tipo de movimentos não é taxado com qualquer tipo de taxa) para que os cofres do Estado arrecadassem cerca de 1,5 milhões de euros por ano.

Ou seja, o que o Estado arrecadaria com uma taxa de 1% nos movimentos da bolsa é quase o dobro do que arrecada com o roubo no 13º mês.

Esta taxa é apenas uma das muitas soluções que os órgãos dominantes não querem deixar passar para que assim os cidadãos pensem que “Tem que ser!”, pois enquanto os cidadãos vão exclamando o “Tem que ser!” os senhores que não sofrem os cortes do “Tem que ser!” vão enterrando os dentes de vampiro e enriquecendo.

Filipe Tavares Moreira

Membro da Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira do PCP