Filipe T. Moreira

Com este artigo pretendo mostrar ao caro leitor os principais sectores onde irá ser roubado em 2012 e com a já típica tendência de se manter por alguns anos mais. Devo salientar que empreguei a palavra “roubado” sem aspas com intenção, pois se seguir o meu raciocínio estará também de acordo que se trata de um roubo. Estão a roubar-lhe dinheiro a si para pagar uma crise que não ajudou a criar e não venham os senhores afectos ao Governo dizer que andamos todos estes anos a viver acima das nossas possibilidades. Nada é mais falso, é até insultuoso para a inteligência dos portugueses, é mais que evidente que quem viveu acima das suas possibilidades foi menos que 1% da população nacional como o PCP sempre alertou.

Como o roubo se faz sentir em todos os sectores destacarei os que na minha opinião o afectam mais.

Telecomunicações – as subidas serão em média e de forma concertada superiores a 3%.

Portagens – subida média de cerca de 4,3% mais os arredondamentos efectuados pelas concessionárias (ponte 25 de Abril aumentou 7%).

Alimentação – mercearias, café, água, charcutaria e refeições congeladas passam para a taxa máxima do IVA assim como a restauração.

Saúde – as taxas moderadoras mais que duplicaram (podendo as urgências ir de 20 a 50 euros, 10 euros nas consultas dos hospitais, 5 euros nas consultas nos centros de saúde, 4 a 5 euros nos cuidados de enfermagem).

Energia – no espaço de um ano a energia eléctrica aumentou 25,2%.

Ensino Superior – diminuição da acção social e aumento da propina máxima em 40 euros (medida anunciada pelo Governo esta semana).

Cultura – subida do IVA de 6% para 13%.

Transportes – fim do passe social já anunciado e novos aumentos anunciados para Fevereiro, isto depois do aumento superior a 15% já efectuado no Verão.

Outros aumentos – IMI, Imposto sobre Veículos, Imposto Único de Circulação e criação de novo imposto sobre a electricidade.  

A juntar a estes, temos ainda o roubo nos subsídios de Natal e de Férias, o corte nas prestações sociais e o aumento do desemprego.

Hoje é incontestável que este tipo de políticas de roubo não resolve o problema da nossa economia, pelo contrário agravam-no, pois são um incentivo à fuga e à economia paralela que segundo os dados mais recentes é já de 25% do PIB.

As soluções que o PCP apresenta são claras e com provas dadas, funcionaram em outros países que viveram uma situação idêntica à de Portugal.

É mais que necessário renegociar a dívida pública, tributar os grupos económicos e financeiros taxando os lucros, o património de luxo e a especulação financeira, aumentar os salários mais baixos e pensões, melhorando assim o nível de vida dos portugueses e estimulando a economia.

Nós, comunistas, destacámos ainda a necessidade de recuperar o controlo público dos sectores estratégicos da economia e a defesa da produção nacional assim como do aparelho produtivo.

Acima de tudo é necessária a afirmação da soberania nacional e a não submissão aos interesses estrangeiros e dos grandes grupos económicos que fazem parte dos 1% referidos no inicio deste artigo.

Se não gosta de ser roubado é tempo de reagir, é mais que evidente que as trancas à porta não deixam mais os ladrões do lado de fora. Como é evidente o melhor caminho para travar estes roubos é a luta, se não o fizer pode ter a certeza que as condições de vida continuar-se-ão a agravar.

Não me resta mais que lhe desejar um bom ano de 2012 tendo na consciência que a submissão apenas contribuirá para que em 2013 este resumo seja ainda mais extenso.

 

 

Filipe Tavares Moreira

Membro da Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira do PCP