É muito frequente (demasiado até) assistir-se, nos media, a comentadores afetos aos partidos de direita afirmarem que é preciso aumentar a competitividade e a produtividade. Para esse aumento da competitividade e da produtividade, defendem com toda a convicção a necessidade de cortes nos salários, aumento do horário de trabalho, o fim de quatro feriados, a facilidade de despedimento, que as “pontes” sejam contabilizadas como férias, defendem ainda, um banco de horas em que os trabalhadores podem ser obrigados a trabalhar mais duas horas por dia (com limite de 50 horas semanais), assim como eliminar a majoração de três dias de férias para os trabalhadores que não faltam.

Todavia nunca assisti nenhum desses comentadores mencionarem que os portugueses (dados da OCDE) trabalham em média mais horas que, por exemplo, os espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e vejam só mais que os nossos “companions” alemães.

Nunca os ouvi referir que subsistem em Portugal mais de 400 mil trabalhadores a auferir de um salário mínimo de 485€ líquidos, que na veracidade representa um salário real de 432€. Refira-se que este valor se encontra abaixo do limiar da pobreza, que se encontra nos 434€. Portanto temos 400 mil trabalhadores cujo salário não chega para os tirar da pobreza.

Na realidade estes comentadores mais não dizem que intrujices, porque os países mais competitivos da Europa e com mais produtividade são na realidade os países em que os trabalhadores trabalham menos horas e ganham mais que os portugueses. Assim sendo, confirma-se que aumentar as horas de trabalho e cortar os salários serve apenas para aumentar a exploração.

O facilitar do desemprego em nada contribui para o aumento da competitividade ou da produtividade. O que efetivamente se verifica é somente a substituição de trabalhadores com direitos por trabalhadores precários.

Quanto ao aumento do horário de trabalho, defendido por estes comentadores, importa referir os dados, de um estudo do próprio Ministério do Trabalho, que confirmam que mais meia hora de trabalho, para além das 8 horas, aumenta em 64% o risco e acidentes de trabalho. É ainda importante referir que hoje há já muitos portugueses que trabalham mais de 8 horas por dia sem receber um cêntimo por isso. Não resta margem para dúvida, o Governo e os seus lacaios da propaganda apenas pretendem tornar legal o que hoje é ilegal, pondo mesmo em risco a vida dos trabalhadores portugueses.

Estes comentadores, apoiados na sua maioria pelo grande patronato, têm invadido os media levando-nos a crer que as suas ideias são a única saída. Mais um logro. As suas ideias têm levado apenas a mais desemprego (mais de 1milhão de desempregados), a mais recessão, a mais endividamento, mais pobreza, mais dependência, têm-nos levado ao retrocesso.

É evidente que nenhum desses comentadores vai admitir em ocasião alguma, a não ser que o amo lhes ordene evidentemente, que a urgência prende-se com a geração de mais e melhores empregos, assim como, dizer não a esta submissão a que estamos sujeitos.   

 

Filipe T. Moreira

Membro da Comissão Concelhia do PCP de Stª Mª da Feira