Inicia-se mais um processo eleitoral para a nossa autarquia.

PS, PSD, CDS são peritos em fazer criar a ideia nas pessoas de que a política depende de uma só pessoa. Que tudo reside numa pessoa em concreto, que será essa pessoa em quem se está a votar, colocando sempre a idoneidade, a honra, a simpatia dessa pessoa como critérios de eleição.

Mas em que votamos quando votamos nas eleições autárquicas? Na simpatia de alguém? Na sua história de vida? Na sua capacidade de comunicação?

Evidentemente que não. Votamos num colectivo de pessoas, no seu projecto e não na fama desta ou daquela cara. A pessoalização das campanhas não serve ninguém a não ser a descredibilização da política e dos políticos. A Assembleia de Freguesia é composta não só pelo presidente, mas por secretários, por eleitos que participam nas reuniões e apresentam propostas que podem ou não ser aceites pelo Executivo e que fiscalizam a actividade deste último. A Assembleia Municipal é eleita para que vários representantes possam fiscalizar a actividade da Câmara, aprovar ou não as contas e o orçamento, apresentar propostas, deliberar sobre muitos – aliás, grande parte – dos assuntos do município.

Ninguém elege presidentes. Apenas representantes e esses sim, entre eles, elegem o presidente. E quanto mais pessoas, dos vários partidos e com diferentes projectos, estejam nestes órgãos, a defender os interesses das pessoas e não a servir-se da política.

E a excessiva pessoalização por parte de PS, PSD e CDS só serve para enganar os eleitores, remetendo-os para a análise pessoal e não política.

E sobre a última questão que por aí anda, importa clarificar algo: o PCP é e sempre foi contra a limitação de mandatos porque vê as listas e as políticas como projectos colectivos, que dependem de equipas e que se votam em ideais e não em pessoas, sendo que o mandato não é algo pessoal. Se hoje estou eu, amanhã pode estar outra pessoa, a política, a honestidade, a competência são as mesmas, a do projecto que abraçamos.

E uma nota pessoal, há 4 anos, já o candidato Fernando Leão foi insultada e posto em causa na sua honra pessoal, manobras mediáticas em que a CDU jamais embarcou. A lei, injusta e que apenas serve os grandes partidos, terá necessariamente que ser cumprida e espera-se pois o resultado do recurso. Mas não é por ser ou não Fernando Leão o candidato, que as políticas a manter-se o PSD no poder, vá mudar.

E é lamentável que PS e BE tenham feito disto um episódio mediático, mais uma vez apenas servindo a descredibilização do poder local. Particularmente quando o BE votou contra a lei. Claro que devemos defender a legalidade. Mas daí até transformar a política e a campanha num circo de vaidades, aí, não contem jamais com a CDU e todos – repito, todos – os seus candidatos.

                                                                               Ricardo Santos Silva

                     Candidato à Assembleia de Freguesia da União de Feira, Espargo, Travanca, Sanfins