Para quem ouve o discurso oficial do PSD Feira em questões sociais com toda a atenção, ele é fantástico: são só feitos e são só resultados.
 
Sucede que os factos não o confirmam. O que os factos mostram é que o Governo do mesmo PSD/ CDS, nada mais tem feito do que transformar este País e este município num sítio onde nem todos têm lugar. Efetivamente, aos jovens, manda-os emigrar; aos desempregados, diz-lhes que é uma questão de fé, que o desemprego até é uma oportunidade; aos doentes, exige-lhes que não fiquem doentes; aos beneficiários do RSI, acusa-os de não quererem trabalhar; e, quanto aos idosos, o Governo espera que eles morram de fome. Quando referem «Vamos ter de cortar mais nas funções sociais do Estado; nós não queríamos, mas tem de ser» cheira a hipocrisia.
 
O resultado está à vista: alastra a pobreza em Santa Maria da Feira; alastra o fosso entre os pobres e os mais ricos; aprofundam-se as desigualdades sociais na distribuição da riqueza; e aumenta de forma galopante o risco de pobreza.
 
E, depois, o Sr. presidente da câmara anuncia a assinatura de protocolos para a criação de cantinas e refeições sociais. Para nós, ao contrário daquilo que é dito pelo PSD, esses anúncios apenas confirmam o acelerado ritmo do aumento das famílias sem meios para sobreviver, apenas confirmam o agravamento deste flagelo social, apenas confirmam a forma como a direita olha para as políticas sociais.
O Governo PSD inventa uma metáfora única no mundo “fechar serviços públicos para melhor o servir” e, de imediato, fecha serviços de saúde, fecha escolas, postos dos CTT, etc., com o que tudo isso representa para os mais carenciados. Reduz os salários, dificulta o acesso às prestações sociais, nomeadamente ao subsídio de desemprego e ao complemento solidário para idosos, reduz as pensões, aumenta os impostos, corta nos apoios sociais. E, depois a câmara igualmente PSD, abre cantinas, balcões de atendimento social, e outros quejandos. Ou seja, a câmara dá sopa aos pobres, que as políticas do Governo criam. As políticas de direita fomentam a pobreza e, depois, abrem cantinas. São igualmente estes mesmos protagonistas políticos que continuam a olhar para os beneficiários do rendimento social de inserção como pessoas dadas à preguiça, que não querem trabalhar. 
 
Na CDU não somos apologistas de políticas caritativas, exigimos é que haja respeito pelas pessoas! As famílias estão sem rendimentos para suportar os encargos com os compromissos que assumiram, 83 salários são penhorados todos os dias pelas finanças, o número de famílias falidas quadruplicou desde o início de 2011 e só no ano passado cresceu 72%, depois disto tudo, a câmara deveria suspender de imediato o IMI, sustentar na íntegra os gastos com água, resíduos sólidos urbanos e eletricidade em todas as situações de agregados familiares onde tal se verificasse. Para aqueles agregados que têm menores em idade escolar deverá da mesma forma ser criada uma bolsa de estudo que permita suprir as despesas com livros, equipamentos, vestuário, alimentação, etc.
 
Estamos na presença de um poder que, em vez de criar emprego, semeia pobreza, um poder incapaz de perceber que o aumento da pobreza é o resultado das políticas que pratica, um poder incapaz de perceber que a pobreza está diretamente relacionada com o aumento do desemprego, com os baixos salários, com os obstáculos criados no acesso aos apoios sociais, com as pensões de miséria, com os cortes nas pensões sociais e com o cerco que está a fazer às funções sociais do Estado. Hoje estamos perante o maior agravamento da pobreza de que há memória, onde mais de metade dos desempregados no nosso município não tem acesso a qualquer prestação social.
 
Em duas palavras: uma vergonha!