Ninguém gosta de ser tratado como parvo. Contudo, para o PSD este é um comportamento mais do que vulgar, habituados que estão a mandar e desmandar no Município como se de sua propriedade se tratasse. Um feudo de Alfredo Henriques e companhia, agora substituído por Emídio Sousa, que nada ligam aos princípios democráticos mais básicos e desrespeitam partidos, cidadãos e a lei. 

A curiosa agenda da Câmara – e leia-se do Executivo ainda em funções e não dos candidatos – está repleta de inaugurações, comemorações que, por um acaso ditado pela sorte, calham precisamente no período eleitoral. 

Ninguém pode, no seu perfeito juízo, achar que é involuntário, que calhou ser agora que a obra ficou concluída, que não havia datas disponíveis nem mais cedo nem mais tarde. Até porque, as datas reservadas para o PSD são as datas da Viagem Medieval, do Imaginarius e da Terra dos Sonhos. Durante o resto do ano, o Município é apenas uma chatice que tem que ser gerida e aproveita-se o tempo para fazer umas viagens pelo Brasil e por Marrocos, não vá alguém queixar-se do saneamento que é sempre para o ano que está concluído. 

Entre uma conferência que junta todas as associações do concelho em plena época eleitoral e conta com a presença da vereadora-candidata-a-vereadora ou inaugurações da casa da cultura de Gião que contam com vereadores-candidatos-a-vereadores, acaba por se tornar impossível distinguir a Olívia patroa da Olívia costureira. 

Mas enfim, é uma lenga lenga social democrata a que estamos habituados. Desde o lançamento de pedras que davam quase para construir uma casa às pomposas inaugurações, o PSD vai cantando e rindo enquanto dá música aos feirenses (porque de pão e circo percebe este PSD). 

Alheios a um município pobre, sem indústria, sem transportes, com graves problemas ambientais, com a exclusão social e as desigualdades em crescendo, eles riem-se. 

Mas mais cedo que tarde, o povo saberá dar a resposta necessária. É que há um dia que se dá um murro na mesa e se deixa de aceitar que nos façam de parvos. Já dizia o Padre António Vieira, no sermão do bom ladrão, nos idos de 1655 «Não são só ladrões os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhe colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos.». 

E há um dia que os povos se cansam. Que seja já a 29 de Setembro.

 Lúcia Gomes

 Eleita Municipal da CDU – não candidata