Perdoe-se-me a contradição intencional inscrita neste título, mas não encontrei melhor solução para ilustrar não só a minha estupefacção como inclusive a indignação pelo artigo de opinião do actual presidente da Câmara de Stª Mª da Feira, recentemente publicado num dos jornais de referência, sobre o tema em questão.

Não que já não estivesse familiarizado com as tiradas neo-liberais e bastantes controversas do edil feirense, regra geral apresentado agora como autarca diplomata, mas o conteúdo do citado artigo passa todas as marcas.

Na linha do seu antecessor, é público e notório que sempre defendeu a pés juntos a privatização do sector das águas e saneamento cá no burgo, com os efeitos conhecidos para o Concelho e sua população: atraso de décadas na respectiva implementação, bem como custos agravados na factura da água, uma das mais caras do país!

Na linha do seu antecessor, é público e notório que sempre defendeu a pés juntos a privatização do sector das águas e saneamento cá no burgo, com os efeitos conhecidos para o Concelho e sua população: atraso de décadas na respectiva implementação, bem como custos agravados na factura da água, uma das mais caras do país!

Quanto a isso não há nenhuma novidade. Mas vir agora constatar, publicamente e em contra-ciclo com aquilo que advogou e pôs aqui em prática, que a água é um bem público, constitui a maior desfaçatez.

Mais ainda porque, no fundo, e partindo dessa premissa, ou seja o carácter público da água, com a qual estamos inteiramente de acordo, o referido articulista, depois de uma série de argumentos esfarrapados, para ser devidamente “coerente” com o que lhe vai na alma, acaba por concluir que a melhor solução para esse bem precioso, pois está claro, é a concessão a privados!

Tal como outros serviços essenciais, a água não pode ser fonte de negócio e lucro. Infelizmente não é esta a única área alvo da gula dos interesses privados. Na saúde, educação, segurança social e cultura há actualmente toda uma ofensiva descarada do governo Coelho / Portas para se descartar destas responsabilidades sociais, municipalizando-as numa primeira fase tendo em vista a sua privatização ulterior. Este é rumo lamentavelmente por onde parecem navegar vários autarcas no nosso Distrito tanto do PSD como do PS!

Luís Quintino

 

Membro da DORAV do PCP