Período antes da ordem do dia
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
Exmos. Senhores Vereadores
Exmas. Senhoras e Exmos. Senhores
Em tempos já de pré-campanha para as eleições autárquicas lá começa o lufa-lufa de sempre. Primeiras pedras, inaugurações, obras prometidas, estradas arranjadas e projectos megalómanos que aos olhos de uns poucos vão tornando o nosso concelho numa nova centralidade.
Aos olhos de muitos outros, os trabalhadores feirenses, o cenário permanece preocupante, independentemente dos cartazes que anunciam investimentos de milhões ou de propaganda em jornais com obras virtuais.
É que, no nosso concelho, o desemprego cresce a uma média de 13 novos inscritos nos centros de emprego por dia. 13 novos inscritos por dia. Em Abril, últimos dados disponíveis, eram já 8028, 57,2% mulheres. Mais 351 que em Março. Mais 713 que em Fevereiro. Mais 1168 que em Janeiro. Mais 2850, 55% do que em Abril do ano passado.
Os trabalhadores da Facol, na sua maioria mulheres, com 7 meses de salário em atraso e em lay off. Os casos da Janosa, da Abel da Costa Tavares, que, mesmo depois dos cheques e dos supostos agradecimentos enfrentam dificuldades, o patrão dos patrões a despedir impunemente enquanto arrecada milhões produzidos pelos operários. No nosso concelho surgem já sinais visíveis de pobreza e exclusão.
Reafirmamos – não culpamos a Câmara Municipal pelo desemprego no concelho. Sabemos dos avanços feitos em matéria de abertura dos GIP’s, as novas extensões dos centros de emprego, com a Câmara a assegurar o funcionamento de 1 dos 5 gabinetes a funcionar no concelho. Mas questionamos as prioridades deste Executivo. Prioridades como os 6 campos de golfe, o metro, e questionamos o processo muito pouco claro do novo Centro de Teatro e Artes de Rua.
A 28 de Abril de 2007, dizia o Notícias de Aveiro que “o antigo Matadouro Municipal de Santa Maria da Feira está a ser transformado no Centro de Artes de Ruas” citando o sr. Vereador Amadeu Albergaria que afirmava “que o equipamento anunciado, ao permitir a presença permanente de artistas em Santa Maria da Feira, irá transformar o concelho num centro de criação artística".
O jornal Público de 4 de Fevereiro de 2009 falava do lançamento de um concurso público de concepção do badalado Centro.
A 5 de Fevereiro, dizia o Jornal de Notícias que “o antigo Palácio da Justiça será demolido. No seu lugar deve surgir o Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua de Santa Maria da Feira. A informação é da Autarquia que já iniciou concurso para o projecto do equipamento.” Dizia ainda o jornal que “de acordo com declarações do presidente da Câmara, Alfredo Henriques, o assunto com o Ministério da Justiça deverá estar "definitivamente resolvido nos próximos 15 dias". Prevê-se que o edifício seja demolido para que o local receba o Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua. Contudo, o autarca refere que esta localização é apenas uma das duas hipóteses em estudo. "Poderá ser nesse local ou no espaço do antigo matadouro".
Para nosso espanto é lançado publicamente o projecto, afinal na pomposamente chamada Pedreira das Penas, entre o povo conhecida como Pedreira do Manco. Durante décadas, a CDU alertou para o problema de saúde pública que constitui esta pedreira, localizada entre escolas primárias, o cine-teatro e o centro de saúde. Propusemos a sua reabilitação inúmeras vezes e durante mais de meio século ela ali está, sem que a Câmara dê um único passo para a resolução deste problema. Em alguns pontos esta pedreira tem mais de 20 metros de profundidade representando perigo mesmo enquanto espaço de lazer. E, a ser ali construído o dito Centro, para onde vão as escolas? O centro de saúde? O Cine-Teatro?
E o dinheiro que já foi investido na reabilitação do Matadouro? Um local fora da malha urbana, com terreno livre, um espaço ímpar para ser reabilitado para o lazer, a arte, a cultura, porque foi abandonado e que projectos existem para este local?
É que já bastou a Exponor, a eterna promessa do saneamento, a eterna promessa do centro coordenador de transportes… afinal, quantos concorrentes teve o dito concurso? Por que razão se alterou a localização? Qual o destino do antigo Matadouro e qual o destino do antigo Tribunal?
Os feirenses reclamam soluções para a situação social e transparência na gestão dos dinheiros públicos. Não é tempo de pão e circo. É tempo de luta e de resistência. Tempo de agir, em prol dos trabalhadores e das populações, de acordo com as suas prioridades.