Bi-semanário Terras da Feira

Ao Director do Terras da Feira:

Na edição do v/ jornal do passado dia 19 de Março, foi publicado um longo artigo de opinião de J. Pinto da Silva, sob o título “ Finanças partidárias “, que, e no que se refere ao PCP, enferma de várias incorrecções e deturpações acerca do posicionamento deste Partido em relação ao tema citado, pelo que se exige da Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira, ainda que não disponha do mesmo espaço, as necessárias rectificações.

 

Assim e em primeiro lugar é preciso frisar mais uma vez, enquadrando a questão das “finanças partidárias”, que o PCP sempre se opôs às actuais Leis dos Partidos e do Financiamento Partidário por, além das mesmas quererem formatar as forças políticas todas por igual, numa clara violação da sua independência e livre associação, são dirigidas, no essencial, contra aquele Partido, que teve, inclusive, de mostrar bem alto a sua indignação e repudio públicos perante tal perseguição, na “Marcha da Liberdade e Democracia” no ano passado.

Portanto, e para que fique claro, sempre fomos e continuamos a ser contra  a dependência dos Partidos do Estado. Até por uma simples razão de coerência. A independência das organizações políticas em relação ao Estado e ao poder económico será tanto maior quanto maior for a sua autonomia financeira. Por isso pugnamos, ao contrário do que o referido articulista insinua, pela angariação de meios e fundos próprios como forma de sustentação e independência económica dos Partidos.

 

É, aliás, sintomático, que o Tribunal Constitucional, em acórdão recente, tenha vindo dar razão ao PCP, relativamente às contas da Festa do Avante de 2005, pois acabou por reconhecer que o saldo da mesma só poderia ser o seu resultado liquido - diferença entre receitas e despesas – e nunca, como pretendia a Entidade das Contas, o volume global angariado. Curioso, ou talvez não, é que a generalidade dos grandes meios de comunicação social tenha omitido praticamente não só o facto em si, como o significado do mesmo. Critérios jornalísticos…

Por último, o citado artigo, num emaranhado confuso e contraditório e numa generalização abusiva, mais não faz do que, alimentando a campanha actual em curso contra a actividade política em geral e dos partidos em particular, medi-los todos pela mesma bitola, quando todos sabemos as diferenças que distinguem o PCP dos demais, mas que alguns, como no caso presente em mais uma evidente prova do seu conhecido anti-comunismo, teimam intencionalmente em encobrir ou deturpar. Os comunistas sempre pautaram a sua acção por um elevado grau de rigor e transparência, num quadro de respeito de liberdade de organização de cada força política.