Aos trabalhadores da Rohde                           Plano de viabilização ou destruição da empresa?

É um verdadeiro escândalo! Depois de longos meses de indefinição sobre o futuro da empresa e dos seus 984 trabalhadores e de toda uma série de manobras dilatórias, é agora apresentado um novo “plano de viabilização”, segundo dizem, mas que mais não é do que a destruição pura e simples da Rohde!

Outra conclusão não se pode tirar desse “plano” que prevê numa primeira fase a venda dos bens da empresa e das suas máquinas, cujos valores têm sido cirurgicamente subavaliados, para pagar aos ditos credores, ou seja aos trabalhadores, ainda que, tudo indica, não serem de facto os únicos, para em seguida retomar a laboração (?) só com 150 postos de trabalho, mas pelos vistos já sem quaisquer equipamentos, nem infra-estruturas! Maquiavélico de facto!

Não se pode admitir que uma empresa desta envergadura, sendo o maior fabricante de calçado no país, com património considerável, maquinaria e mão-de-obra especializada, continue a ser desbaratada desta forma, por evidente conluio e cumplicidade da actual administração de insolvência, dos interesses da multinacional Rohde e do Governo PS - que só se preocupou em adiar os despedimentos até às eleições – e com o colaboracionismo efectivo que resulta do “silêncio de chumbo” da Câmara PSD da Feira.

Todos eles, mas particularmente o Governo e a Câmara que têm responsabilidades democráticas indeclináveis, evidenciam assim total indiferença perante a situação aflitiva dos seus quase mil trabalhadores e respectivas famílias e que é bem patente, aliás, nas respostas evasivas do Governo aos requerimentos do Grupo Parlamentar do PCP sobre o assunto.       

Num momento de profundo agravamento da situação social, em que o desemprego não pára de crescer no país e aqui no concelho de Stª Mª da Feira em particular, as consequências deste “plano”, não só para os trabalhadores da Rohde, mas para toda a comunidade feirense representariam um autêntico crime social.

O PCP, que desde sempre tem acompanhado e apoiado a luta dos trabalhadores da Rohde em defesa do emprego, não pode deixar de responsabilizar o Governo PS/Sócrates e a política de direita que pratica pela contínuo desmantelamento do aparelho produtivo nacional e a consequente destruição de milhares de postos de trabalho, quando e em contrapartida é todo mãos largas ao canalizar e beneficiar os grandes grupos e interesses económicos, os bancos e as actividades especulativas com milhões e milhões de euros.

A actual crise económica só se combate e resolve com melhores salários e pensões, que dinamizem o mercado interno, e com mais produção e investimento e não com sucessivos encerramentos de empresas e despedimentos. 

Por isso mesmo, o que a Rohde precisa é de um verdadeiro plano de salvação que impeça a sua progressiva agonia e destruição!

A Rohde precisa de investimentos que o Governo deve decidir e a CGD concretizar, precisa de produzir e vender novos produtos.

A Rohde, se tiver apoio do Estado, se for dirigida para servir os interesses da economia nacional, com a intervenção dos trabalhadores no controlo da gestão, pode ser a médio prazo uma empresa rentável e em condições de cumprir os seus compromissos.

Só a unidade e a luta dos trabalhadores da Rohde pode fazer valer os seus direitos, salvar a empresa e defender os postos de trabalho!

Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira do PCP