Com a Portaria 82/2014, procedeu-se à classificação dos hospitais em tipologias (1, 2, 3 ou 4). Esta portaria de aplicação progressiva levará ao desguarnecer de várias valências com especial impacto para a saúde das mulheres e dos mais idosos.Fruto das políticas de direita efectivadas pelo Governo PSD/CDS, no seguimento do que vinha sendo feito pelo PS, tem-se assistido em todo o País a uma política de concentração dos serviços de saúde, a que o distrito de Aveiro não é excepção. Estas medidas têm implicado a desqualificação de vários serviços e ao encerramento de outros. Como resultado mais imediato, são notórios, (alguns deles gritantes), vários constrangimentos, dos quais se destacam: elevados tempos de espera para obtenção de consulta; horas infindáveis de permanência nas urgências; falta de camas, condições degradantes em que se mantêm os utentes; deficiente serviço de transporte hospitalar e insuficiência de meios humanos em certos períodos do dia.

À semelhança da maioria dos hospitais nacionais, o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga com sede no Hospital de São Sebastião e o Centro Hospitalar do Baixo Vouga com sede no Hospital Infante D. Pedro em Aveiro foram classificados como tipo 1.

Relembramos que as instituições classificadas como tipo 1 ficam inibidas de exercer toda uma série de valências da genética médica à neuroradiologia, entre muitas outras. Acrescenta-se o facto de estes hospitais poderem perder, ainda, valências como cardiologia, gastrenterologia, hematologia oncológica, infeciologia, nefrologia, oftalmologia, oncologia médica, otorrinolaringologia, pneumologia e reumatologia e serem extintas outras tantas que estão omissas na referida portaria.

Esta classificação é especialmente gravosa para os utentes do distrito de Aveiro que para ocorrerem a estes serviços terão de se deslocar ou para Coimbra ou para o Porto, uma vez que como referido anteriormente os dois centros hospitalares foram classificados como tipo 1, colocando assim mais constrangimentos a uma população muito afectada por dificuldades económicas, sem uma rede de transportes adequada às suas necessidades.

Os graves problemas sentidos pelos utentes do Hospital São Sebastião – alguns deles com eco na comunicação social – decorrem desta política de concentração de serviços que conduz à degradação dos cuidados de saúde, quer para os feirenses, quer para os habitantes dos concelhos em volta, que viram os seus hospitais perder valências e são obrigados a deslocar-se para a Feira para serem atendidos num hospital público. Os números não mentem: um hospital projectado para abranger 120.000 utentes está hoje a abranger 400.000!

A Comissão Concelhia do PCP de Santa Maria da Feira opõe-se fortemente a esta portaria e a esta classificação dos hospitais, que mais não visa que a degradação do SNS (Serviço Nacional de Saúde) com o objectivo final da privatização desta conquista de Abril que entre outras levou à brutal queda das taxas de mortalidade infantil. Nessa medida, o PCP apela à população de Santa Maria da Feira que se mobilize em torno do direito à saúde, dando expressão pública à sua indignação e, em paralelo, penalizando nas urnas os partidos que contribuíram para que aqui se chegasse, dando o seu voto à CDU, a força que de forma mais coerente e profunda defende o SNS.


Stª Mª da Feira, 5 de Junho de 2015

Comissão Concelhia de Stª Mª da Feira do PCP