Assembleia Municipal

“No lixo, procuram-se alimentos. A mãe tem a ajuda da pequena filha. Encontram um rádio e ficam contentes. E quem passa não percebe. Procuravam comida e aquilo, o que elas encontram, não se come. Mas o certo é que, como se levassem um banquete escondido debaixo da roupa, a mãe e a menina fugiram dali, muito rápido”.

 Este é um texto de um autor português, Gonçalo M. Tavares. Chama-se Lixo. Como alguns têm insistido em chamar ao nosso País. Como alguns dizem que é o que nós, portugueses, somos, porque não nos enquadramos nas percentagens que esses determinam.

 E desse “lixo” nasce a austeridade. “Há que continuar a pedir sacrifícios a todos”. Dizia Salazar, repete Passos Coelho. Numa deriva austera de autoritarismo, são cerceadas liberdades, direitos em nome de um pacto que agride todos os portugueses, mas, como sempre, particularmente os mais pobres. Nunca este país viu tantos desempregados. Mais de metade sem subsídio. As crianças perdem o abono de família. Os salários descem e dos direitos pelos quais muitos morreram, morrem agora com a memória de lutas sangrentas. Lutas por 8 horas de trabalho, lutas pela dignidade do ser humano. Tudo isto é a moeda de troca para que PSD e CDS prossigam na senda revanchista de ajustar contas com o passado, com a Constituição e com os trabalhadores.

 

Pedro Almeida

 O tempo e o modo

 Gostaria de saudar, em nome da CDU, o resultado do trabalho dos técnicos responsáveis pelo projecto arquitectónico hoje apresentado para o Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua de Santa Maria da Feira. Pela ousadia, pelo grau de inovação, pela potencial funcionalidade, e pelo valor estético, não podemos deixar de sentir a forte impressão que o modelo conceptual promove.

Sem embargo deste reconhecimento, o nosso dever de representação impõe-nos, aqui, exigências de responsabilidade política que nenhum de nós deve permitir que sejam ofuscadas pelo natural brilho de que se reveste esta apresentação. Apresentação que, é bom lembrar, foi reiteradamente solicitada desta tribuna pela CDU, desde há mais de um ano, e que nos congratulamos de ver, finalmente, levada a efeito.

Não podemos, porém, deixar de lamentar a forma como nos é trazido aqui este “projecto”. Pedimos uma apresentação pública, e deram-nos, hoje, conta de um plano já inteiramente definido, fechado, ultimado. Para que querem, afinal, ouvir os eleitos desta Assembleia? Será que, no entender do Executivo, esta Assembleia serve apenas para autorizar a repartição de encargos? Lamentavelmente, não há muita diferença entre isto que hoje aqui se passou e ver a obra concluída, in loco. Assinalamos com pena que este Executivo insiste na insensibilidade à opinião dos cidadãos, das colectividades, das forças democraticamente eleitas para representação dos munícipes, e não podemos deixar de nos sentir lesados por isso.

Pedro Almeida

No dia 26 do corrente mês veio a público[1], como é do conhecimento geral, a existência de um estudo realizado pelo anterior Governo e entretanto entregue á Troika, onde se propõe o fecho de 800 km de linha férrea em todo o país, deixando a ferrovia nacional reduzida ao eixo Braga-Faro, Beira Alta e Beira Baixa. Neste mesmo estudo é defendido o encerramento da Linha do vale do Vouga, com abrangência deste Concelho.

 Paralelamente, veio também a público um estudo alternativo da autoria da Refer, onde a aposta é, também, destruir ferrovia, sendo que neste o desmantelamento da Linha do Vouga incide sobre o troço Albergaria-Águeda (14 km).

 A concretizar-se, qualquer destes planos será uma razia sem precedentes das infraestruturas de mobilidade de pessoas e mercadorias, capaz de nos fazer retroceder cerca de cem anos quanto à oferta de meios de circulação interna.

 Algumas destas linhas foram objecto, nos últimos anos, de investimentos na ordem dos milhões de euros, e muitas delas registam um tráfego significativo de mercadorias, com forte impacto nas economias regionais.

 

Lúcia Gomes

 

Era uma vez um concelho, com o povo desempregado.

Com as lutas sociais, demonstrado o desagrado.

Era uma vez uma Câmara, que dizia preocupar-se,

Mas ao fim e ao cabo, pão e circo eram o seu estandarte.

 

E assim passavam dias, anos e décadas até,


 A realização do Simpósio Sete Sóis Sete Luas na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira tem servido para a discussão e divulgação de temas fundamentais ligados a direitos humanos, questões sociais, transformação da sociedade e do mundo.